Estação imóvel, de Pablo Neruda

Pablo Neruda (1904-1973), poeta, diplomata e político chileno, recebeu o prêmio Nobel de Literatura de 1971. O poema Estación inmóvil foi publicado em 1959, no livro Navegaciones y Regresos.

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Barcos de vime no Rio Tungabhadra. Perto de Hampi, Índia. Foto: “Dey.sandip”, 21/12/2012. Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0

Quero não saber, não sonhar. Quem pode me ensinar a não ser, A viver sem continuar vivendo?
Como continua a água? Qual é o céu das pedras?
Imóvel, até que parem as migrações no seu auge e voem em seguida com suas flechas até o arquipélago frio.
Imóvel, com secreta vida, como uma cidade subterrânea, para que resvalem os dias como gotas inacessíveis: nada se gasta, nem se morre até nossa ressurreição, até regressar com os passos da primavera enterrada, do que jazia, perdido, inacessivelmente imóvel e que agora sobe do não ser para ser um ramo florido.

Estación inmóvil

Quiero no saber ni soñar. Quién puede enseñarme a no ser, a vivir sin seguir viviendo?
Cómo continúa el agua? Cuál es el cielo de las piedras?
Inmóvil, hasta que detengan las migraciones su apogeo y luego vuelen con sus flechas hacia el archipiélago frío.
Inmóvil, con secreta vida como una ciudad subterránea para que resbalen los días como gotas inabarcables: nada se gasta ni se muere hasta nuestra resurrección, hasta regresar con los pasos de la primavera enterrada, de lo que yacía perdido, inacabablemente inmóvil y que ahora sube desde no ser a ser una rama florida.

Referências

Neruda, Pablo. Selected Poems, trad. Ben Belitt. New York: Grove Press, 1961, p. 304.